quinta-feira, agosto 24, 2006

As mãos trêmulas seguram a caneta no ar. A mente é rápida demais, e as mãos sentem medo. Não sabem o que escrever. Até que um gole d'água e um olhar sobre a pequena planta no canto da sala amenizam a tensão.

Ela queria falar de amor. Mas amor não se descreve ou discute. Amor se sente. Ainda assim havia muito o que dizer. É que todo olhar, todas as palavras, todas as cartas, e cada despedida, tudo nela, era amor. Não sabia ver a vida de outra maneira. Aliás, não aceitava viver sem acreditar que o ar que respirava tinha amor em sua composição.

Ouvira certa vez que odiar era amar. Porque quem odeia, no fundo, se importa demais. E quem se importa demais, ama. Se chegamos a essa fantástica conclusão, pensou, o que há de errado com o mundo? Todos amam. Todos querem ser amados. Então, qual o elemento perturbador nesse ciclo? Tomou mais um gole d'água, a boca estava seca.

Aí ela lembrou de como foi difícil retomar as rédeas depois daqueles cinco anos. E de como é difícil fazer o que não se quer fazer. E de como é insuportável acordar sem querer acordar. E de como errou. Rotina, angústia, dor, dinheiro, castigo... tudo isso num mundo que ela poderia jurar ser feito de amor.

Parou. Essa é uma questão que vai muito além do que ela realmente deseja agora. Tudo o que ela mais quer é eternizar esses momentos, aquele cheiro, aquele sorriso, os abraços, beijos, toques... Enquanto durarem, ela saberá que é feliz. Que nada mais importa.







E que ela é feita de [e para] amor.

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