Ela entrou no ônibus distraída. Estava longe, cabeça cheia de questões, de devaneios. Não estava sorrindo, franzia a testa por causa do sol. Passou a roleta sem olhar pro cobrador (sempre se arrependia dessa indelicadeza). Sentou-se.
O que viu - depois da paisagem através da janela, como sempre faz ao se acomodar - foi a lembrança do que poderia ter sido, e não foi. Era pra não ter sido? Constatou a estupidez da expressão "o que tem que ser, será". Porque, na grande parte das vezes, o que tem que ser nunca é. Ou é por que queremos que seja, que não é? Expectativas. Expectativas. E mais expectativas. Sua vida era feita delas.
Foi um cruzar de olhos.