terça-feira, novembro 21, 2006

A Ribbon








Devendra Banhart.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Frida.

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"Frida Kahlo, consagrada pintora mexicana, em suas próprias palavras essa "...quase assassinada pela vida", forjou na própria carne dilacerada seu estilo de ser, sua transcendência, e talvez seja um dos modelos exemplares de que o desamparo pode, mesmo como fonte permanente de angústia, ganhar uma feição criativa. Impossível não reconhecer em sua obra a legitimação de sua dor de existir reinventada pictoricamente e confirmada , traduzida em ato, através de seu discurso, em seu diário e em suas cartas apaixonadas.

Uma vida que, datada do início do século, foi perpassada pelo sofrimento físico. A paralisia infantil na tenra infância deixa-lhe como sequela um rude golpe narcísico com rótulo: torna-se a Frida perna de pau. Mais tarde, o violento acidente urbano aos dezoito anos literalmente despedaçou seu corpo e a fez pena a vida inteira, fazendo-a ainda submeter-se a trinta e duas cirurgias, vinte e nove anos de dor contínua e finalmente a uma amputação da perna que não arrefeceram, apesar de tudo, sua resistência obstinada. Essa dor foi claramente reconhecida por ela ao referir-se ela própria ao acidente: "...e a sensação que desde então nunca mais me deixou de que meu corpo concentra em si todas as chagas do mundo". E ainda: "minha pintura carrega em si a mensagem da dor. Creio que ela interessa pelo menos a algumas pessoas".

E, contudo, a pintura não nasceu nela de uma "vocação precoce". Surgiu sob dupla pressão: um espelho em cima de sua cabeça que a importuna, e bem no fundo de si mesma uma dor que vem à tona. Dois elementos que se conjugam e fazem a pintura aflorar. Pintura que transbordava de seu corpo, de suas chagas abertas, de sua solidão. Justificando a abundância de auto-retratos disse: "pinto a mim mesmo porque sou sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Esse trabalho contínuo de recomposição de sua imagem, essa luta pela reestruturação interna, como num mosaico mexicano, foi traduzida assim em suas próprias palavras: "Não estou doente. Estou partida. Mas me sinto feliz por continuar viva enquanto puder pintar".

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A determinação de trabalhar sua dor também foi ao longo de sua existência o resultado de um duro embate onde a idéia da morte não ficava excluída mas presente sempre em suas próprias palavras como uma "saída enorme e silenciosa". Oscilou muitas vezes entre uma proclamação eufórica como "Para que preciso de pés quanto tenho asas para voar?" e registros diametralmente opostos como o inscrito no diário em fevereiro de 1954: "Amputaram-me a perna há 6 meses, deram-me séculos de tortura e há momentos em que quase perco a razão. Continuo a querer me matar. O Diego é que me impede de o fazer, pois a minha vaidade faz-me pensar que sentiria a minha falta. Ele disse-me isso e eu acreditei. Mas nunca sofri tanto em toda a minha vida. Vou esperar mais um pouco...".

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É isso o desamparo, esse vazio pulsante."

quarta-feira, novembro 15, 2006

[ abismo ]

às vezes é prudente não brincar com palavras.

terça-feira, novembro 14, 2006

sobre perdão.

[ Botei a foto de volta no lugar de onde a tirei. E foi então que me dei conta de algo: que essa última idéia que me passou pela cabeça não tinha provocado nenhuma dor. Ao fechar a porta do quarto de Sohrab, fiquei imaginando se era assim que brotava o perdão, não com as fanfarras da epifania, mas com a dor juntando as suas coisas, fazendo as suas trouxas e indo embora, sorrateira, no meio da noite. ]



O caçador de pipas.

Eternal Sunshine of the Spotless Mind









everybody's gotta learn sometime.

domingo, novembro 12, 2006

íntimo.

Tinha abandonado tudo.
Estava parada ali, naquele pedacinho de mundo que sempre quis conhecer, fitando o horizonte. O mar, muitos metros abaixo, estava agitado. O dia, sereno. O sol escondido entre nuvens fininhas e brancas, a brisa fresca afagando a pele morena e seu longo cabelo... abriu os braços e fechou os olhos. Sorriu. E pulou.



[ "Só permitem que alguém seja assim tão feliz se estão se preparando para lhe tirar algo".

Isso parece tão verdadeiro. Porque não existe outra maneira de explicar essa sensação de perda. Estar sempre perdendo, quando o que salta aos olhos enche o coração de alegria. Então, mesmo feliz, fico triste. A felicidade está infinitamente distante, mesmo quando mora no peito. Porque dói quando a gente perde. ]








Foi sorrindo que ela se entregou.

segunda-feira, novembro 06, 2006

o pequeno príncipe.

[ Quando achas um diamante que não é de ninguém, ele é teu. Quando achas uma ilha que não é de ninguém, ela é tua. Quando tens uma idéia antes dos outros, tu a registras: ela é tua. Portanto, eu possuo as estrelas, pois ninguém antes de mim teve a idéia de as possuir. ]

domingo, novembro 05, 2006

...é quando você deixa de sorrir: vem a dor, o sangue e a lágrima. Olha bem naqueles olhos... e lembra do quanto fez por merecer.








[ é quando você percebe que assim será até o fim dos seus dias. ]